As bifurcações da vida


Metrópole. Milhares de caminhos, carros por todos os lados. Bifurcações, trifurcações, dúvidas sem fim. Que rua pegar? Como chegar ao destino? O que vai ser encontrado no trajeto? As preocupações são muitas, as alternativas mais ainda. E o pior, ninguém tem GPS. Alguns até acham que têm o tal roteiro para chegar logo ao fim da linha, mas as ruas são sinuosas, traiçoeiras e completamente imprevisíveis.

Podíamos estar de fato falando de uma enorme cidade em meio ao caos do fim do mundo, em que algum (ou alguns) caminho leva até a salvação. Mas não, estamos falando da vida. Esse mundo bagunçado e cheio de ruas, mas sem sinais de trânsito. Temos de escolher rápido, manobrar sem pensar e entrar em um caminho muitas vezes sem volta.

Depois da escolha, só queremos chegar logo no final da avenida: o sucesso. Porém, não podemos ver o futuro e muitas vezes uma bela esquina acaba se tornando uma via extremamente esburacada e que não dá em lugar nenhum. Nem mesmo os "roteiros" que nos direcionam ao tal caminho da felicidade são garantia de nada. Muitos escolhem a Avenida da Engenharia, achando que o final dela é lindo e mágico, mas o caminho pode ser indigesto. Alguns conseguem um retorno, voltar de ré, qualquer coisa. Outros só seguem desviando dos buracos, infelizes, esperando chegar logo ao tal sucesso que os espera ao fim da linha (ou não).

Alguns espertinhos vão te julgar. Ora, ele está na Rua da Medicina, é bem óbvio que o final da estrada vai ser brilhante, e você que pilota seu humilde carro na Avenida Fotografia, hein?

Pode estar bem melhor do que ele! De nada adianta o tal sucesso se não fazemos o que gostamos. Mas e se ele gostar de medicina? Bom para ele, cada um busca o que quer e gosta, e ninguém deve julgar isso, né?

É comum entrarmos em uma rua acompanhado de várias pessoas e, quando resolvemos pegar uma bifurcação, elas insistirem que estamos no caminho errado. Mas será que estamos? Muitas vezes acabamos pegando um atalho sem perceber. Uma via mais rápida para uma felicidade que não encontraríamos na rua que acabamos de deixar para trás.

Como em uma grande cidade sem GPS, é normal que entremos em várias ruas até acharmos a certa. É comum que nos enganemos por escolher a estrada mais bonita, e não a certa, aquela que de fato gostamos. E na loucura do trânsito da vida, é mais comum ainda mudarmos de rota. É corajoso dirigir atrás da sua felicidade, e não da realização que os outros desejam e acham a "ideal" para você.